sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O outro lado do Atlântico

Se eu pudesse escolher, estaria do outro lado do Atlântico. Que me desculpem meus pais, meus amigos, meus familiares. Me perdoem pela minha sinceridade, mas é nela que hoje me agarro pra não sentir a dor que tô sentindo. Estou adorando ter vocês por perto, recomeçar nossa história viver coisas que ainda não vivi, relembrar coisas que ficaram pra trás.

Se eu pudesse escolher, estaria do outro lado do Atlântico. Deixei por lá a experiência de me virar, de fazer coisas que nunca fiz, de conhecer pessoas que jamais imaginei conhecer, de curtir minha liberdade e de responsabilidade sobre ela.

Se eu pudesse escolher, estaria do outro lado do Atlântico. Conheci outros países, outras culturas, outros idiomas, outras maneiras de ver e viver a vida e o mundo, achei uma forma de me conhecer melhor, de me relacionar melhor comigo mesmo, de entender que o que eu quero, muitas vezes não é possível.

Se eu pudessse escolher, estaria do outro lado do Atlântico. Lá deixei um par de sapato, talvez uma ou duas camisas, uma calça e muitos agasalhos, mas principalmente deixei lá o meu coração. E isso não tem mala que caiba.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Quanto custa um vidro

Era uma noite de sábado, festa de 15 anos de sua melhor amiga, Aniversariante. Amiga viaja do interior de Minas, onde mora com os pais, somente pra prestigiar Aniversariante, depois de 5 anos separadas pela distância. Como chegou no começo da noite já do sábado, Amiga chega muito cansada na festa e, dada certa hora, decide voltar mais cedo pra casa de Aniversariante, e tem seu pedido aceito sem muitas frustrações pela dona da festa, que lhe entrega a chave da casa apenas por garantia, já que a chave da casa "oficial" deve estar no lugar combinado de sempre. Amiga parte, então, de táxi para a casa de Aniversariante, sem saber o que a espera por lá.

Amiga paga o táxi, abre o portão e segue morta de cansada até a porta de entrada, de posse da chave de Amiga. Ela gira a fechadura e... a porta não abre! Sem entender o que se passa, Amiga força a porta, mas essa nao cede nem por um milímetro. Amiga, então, procura a porta dos fundos que sempre fica aberta, mas, nesse dia, os Pais decidem que a porta fica fechada!

Amiga não se desespera, liga pros Pais e pergunta se eles ainda vão demorar, no que escuta um SIIIIIIIIM berrado do telefone pela Mãe. Amiga tenta de novo abrir uma das portas, sem sucesso. Resignada e sem ter o que fazer, encosta o corpo já entregue nas cadeiras do terraço, aquelas que são a última novidade em conforto, as brancas da Tramontina!

Algumas intermináveis horas depois, finalmente a Família chega: Aniversariante, os Pais, a Irmã, o Irmão e a Avó. Já descem da van já discutindo, pois o irmão confessa que deixou a casa trancada por dentro! o Pai, paciente como ele só, deve ter vindo gritando da festa até em casa. Começa o tormento e a saga da madrugada de todos.

A janela da frente, até então ignorada por Amiga, tem uma fresta de onde se pode tentar abrir sua tranca por dentro. Foi o que o Pai e o Irmão fizeram. Tentaram. Muito. Sem sucesso. Depois de quase uma hora e meia de estica-e-puxa-e-bate-e-empurra, eles se questionam: "por que não quebramos o vidro da janela", no que escutam um outro berro da Mãe NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO, meu vidro NÃÃÃÃO!!!!!!" E lá se vai mais hora e meia de estica-e-puxa-e-bate-e-empurra...

Sei que chegou bombeiro, chaveiro, arrombador, vizinho, porteiro do prédio da frente, policial e até uma ambulância!!! Às 6h30 da manhã, depois de todas as tentativas dessa equipe supracitada, o Irmão lembra que deixou a janela da cozinha destravada. Detalhe: o Irmão é magro como um cipó e é capaz de entrar numa garrafa com extrema facilidade...

4 horas depois dessa saga pela madrugada, todos já estão prontos pra dormir, menos Amiga, que tem que estar no aeroporto em 30 minutos! Preciso nem dizer que ela perde o vôo...